37 anos na busca por resposta: Jango morreu do coração ou por envenenamento

14-11-2013 10:55

    Passados 37 anos, os familiares e o país, poderão finalmente saber a real causa morte do ex-presidente da República  João Goulart. O processo foi aberto ontem, em São Borja, com a exumação do corpo feito com um forte aparato de segurança e certo exagero de zelo para satisfazer em parte as exigências da família e das autoridades locais. Sem o interesse  da comunidade, coube a imprensa relatar a cidade e ao país, com cobertura ao vivo na quarta-feira, 13, de emissoras de rádio e televisão e farto material de revistas e jornais, o resgate da história  e o motivo da exumação do ex-presidente  que partiu da iniciativa de familiares que solicitaram ao Ministério Público Federal a reabertura das investigações em 2007. E ampliaram o pedido à ministra do Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a partir de 2011. Porém somente saiu do papel  em maio de 2012, com a instalação da Comissão Nacional da Verdade através de coordenação compartilhada com a Secretaria de DH, com a principal função: esclarecer se Jango morreu de enfarte ou foi vítima de envenenamento em 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, província de Corrientes, na Argentina. Na certidão  de óbito, oriunda do país vizinho, consta apenas, morte "por enfermedad" ,ou seja enfermidade.
    No inicio da manhã, a chegada de familiares de Jango, no cemitério seguiu o ritual determinado previamente. Os filhos João Vicente e Denise e netos receberam o afago da ministra Maria do Rosário, do ministro da Justiça José Eduardo Cardoso  e do governador Tarso Genro, debaixo de uma barraca montada próximo ao jazigo onde os peritos trabalharam. João Vicente chegou a reclamar de Denise, a liberação de tanta gente na exumação. Depois se acalmou e o diálogo amistoso foi retomado. A viúva de Jango, Maria Thereza preferiu não ir a São Borja, disse que seria muito doloroso para ela.
    O Departamento da Policia Federal (DPF), através do Instituto Nacional de Criminalística (INC) contou com Amaury Soares, E para  legitimar o trabalho de investigação quanto à causa da morte de Jango, foram convidados especialistas do Uruguai e da Argentina para colaborarem com o grupo responsável pela exumação. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), com Felipe Donoso e um especialista cubano, Jorge Perez, por solicitação da família, também trabalhou em São Borja que teve o acompanhamento do  Ministério Público Federal. Os demais profissionais dão sequencia  em Brasília onde haverá a coleta de amostras para os exames antropológicos e de DNA (que serão feitos pelo próprio INC) e para os toxicológicos (a serem realizados em laboratórios estrangeiros). A busca será por traços de remédios que eram usados por Jango, como Isodril e Adelfan, além de substâncias que podem levar a morte, como cloreto de potássio, clorofórmio e escopolamina.
No dia 06 de dezembro, data da morte do ex-presidente,  está marcado o retorno dos restos mortais para São Borja.  
 
O que os peritos encontraram  durante a exumação
 
 
    Em rápida entrevista coletiva, os três dos 12 peritos escalados para a  exumação do ex-presidente Jango, em São Borja, enfrentaram um batalhão de repórteres em frente ao cemitério Jardim da Paz e detalharam o trabalho que começou com a remoção do tampão de 300 quilos. Disseram que não encontraram água acumulada no interior da sepultura, o que consideraram uma boa notícia, pois a presença de água necessitaria do procedimento de uma drenagem.
    Para o coordenador da equipe, Amaury de Souza Junior, da Polícia Federal, afirmou que "tudo foi encontrado da forma como esperávamos". A identificação do caixão do ex-presidente foi feita sem dificuldades. O mausoléu abriga nove caixões das famílias Goulart e Brizola.
    Já o perito de Cuba, Jorge Perez esclareceu que a coleta de gases ocorreu sem a necessidade de abertura do caixão. E que três orifícios foram abertos na parede de concreto que protege o caixão. E, a partir desses espaços, sondas foram inseridas para capturar os gases. Três tipos de substâncias são procuradas. O caixão foi retirado e colocado em uma urna para o traslado até Brasília. O material será enviado para a perícia, pois pode conter informações importantes para detectar se Jango foi envenenado ou teve morte por enfarte. 
 
Vereador Eber entrega convite à ministra Maria do Rosário  para receber a Medalha Cidade de Itaqui
 
 
Na saída do  cemitério Jardim da Paz, em São Borja, ontem, após acompanhar a exumação do ex-presidente Jango, o vereador Eber Escobar, acompanhado da companheira pedetista Marta Luzia H. Delgado, e da amiga, advogada Ana Seri Ferreira,   entregou um convite em nome da presidência do partido e da bancada do PDT na Câmara de Vereadores de Itaqui, para a ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, para receber honraria na sessão solene, dia 05 de dezembro,  em comemoração a semana de aniversário do município, com o título de Medalha Cidade de Itaqui.
  A ministra ficou sensibilizada com  a homenagem  e disse que fará o possível para estar presente na cerimônia, caso não consiga conciliar sua agenda, virá em data oportuna, pois faz questão de agradecer pessoalmente o carinho dos itaquienses. 
 

 

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