As cinco vítimas de Itaqui

01-02-2013 10:39

FRANCIELLI VIERIA ARAUJO - adorooooo

 

 

Uma das vítimas da tragédia Francielli  Araújo Vieira, 22 anos, fazia mestrado em Bioquímica Toxicológica na UFSM, Era formada em Farmácia e morava há seis anos em Santa Maria com a avó, Edina Alderete. A filha da professora e diretora da escola Ulisséa Lima Barbosa, Lisette Araújo Vieira e Francisco Ribeiro Vieira, morreu na companhia de mais três colegas da mesma turma de laboratório, Bruna, Kellen e Rafael. Ela estava de férias, mas optou por dar aulas para as alunas de Enfermagem, e estudar para defesa de seu mestrado em outubro, por isso permaneceu em Santa Maria.
No último sábado, Francielli falou pela última vez com sua mãe, à noite pelo celular. Disse “estou indo para o salão arrumar meu cabelo, vou pra Kiss, essa noite vai ser minha, vou me divertir, me divertir. Na manhã seguinte, como ela não deu notícias para sua avó até às 9h., o desespero e angústia dos familiares só aumentam, mas para Lisette  junto com Francisco, que se deslocaram de Itaqui, pressentiu o pior, sendo  confirmado no início da tarde com o reconhecimento do corpo. 
A liberação para o traslado para sua terra natal, ocorreu por volta da 1h de segunda-feira, 28, quando ocorreu no final da manhã no cemitério local, com grande acompanhamento de familiares e amigos, o enterro da farmacêutica que levou para a sepultura o sonho de doutorado que vislumbrava concretizar em breve possivelmente na Espanha. Aliás sua vida foi marcada pela dedicação ao estudo, a busca pelo saber mais, que lhe custou horas intermináveis “devorando” livros. Quando decidiu dar um tempo e se divertir ainda que por uma noite, por volta das 2h35min., a fumaça turvou de vez sua vida para clarear e salvar a outras tantas de jovens pelas providências que haverão de ser feitas em recintos de entretenimento que passa a ser cobrada fiscalização de forma rigorosa em todo o país, através desse episódio que serve de alerta com sinal vermelho, sem espaço para tolerância.
. Infelizmente essa tragédia serve no mínimo de exemplo as autoridades de exigirem o cumprimento nas normas de segurança em boates com a Kiss, e isso de alguma maneira nos conforta, diz a mãe que falava diariamente com a filha pelo telefone. O afago carinhoso de Francielli com os pais mesmo que pelo celular, ajudava a suportar a distância geográfica. Durante este período em que estudou em Santa Maria, a mãe providenciou a companhia da avó, que se mudou para acompanhar a evolução da neta. Assim todos estavam mais tranquilos pelo carinho e proteção familiar. Por lembrar em proteção, Francielli há seis anos ganhou um crucifixo e não saia do apartamento da avenida Itaimbé onde morava, sem ele. Às vezes quando esquecia atropelada pelo horário para a universidade, pedia do pátio pra sua avó, jogó-lo pela janela. Naquela fatídica noite, ela não estava usando o crucifixo. Católica, frequentava a missa aos domingos pela manhã.   
     Fadada ao regramento, Francielli organizou sua última semana, de segunda a sábado. A folha escrita por Francielli, grifava “Sábado -Não ir Kiss”, “Avisar a amiga Bruna”, esta que também foi a boate e morreu com ela e outros dois da turma. Porém a sua determinação foi demovida pelo convite dos amigos. Os quatro eram alunos da professora Nilda Vargas Barbosa, que ficou em estado de choque ao receber a notícia. Ela se referia a Francielli como “minha luz”, pelo seu carisma, sempre sorridente e a cada manhã distribuía beijos ao chegar à aula.    “Muito urgente” devia se referir à defesa do mestrado por isso não tinha tempo pra balada.
Mesmo quando recebia um não, ela usava a expressão “adorooooo” e assim conseguira seu intento.
 
Irmãs Brissow - Andressa e Louise
 
Irmãs, amigas, companheiras, gentis, educadas, respeitosas, andavam sempre juntas, inseparáveis.... As irmãs moravam juntas em Santa Maria, há mais ou menos  dois anos.
Com um sonho de ser advogado, Andressa Thalita Farias Brissow, nasceu em 19 de junho e neste ano completaria 21 anos, foi morar em Santa Maria antes que a irmã, com um sonho em  concluir uma faculdade e ter uma carreira, estava no no 5º período de Direito que cursava na Fadisma - Faculdade de Direito de Santa Maria, onde deixou muitos amigos e colegas.
As irmãs tinham sonhos em concluir a faculdade, fazer pós,  mestrado e realizar concursos públicos. Andavam sempre unidas, alegres, sorridente, estavam comemorando o aniversário de Louise junto com outras amigas. A sua mãe foi para Santa Maria na semana passada para comemorar a data junto com as meninas. No sábado, se arrumaram, maquiaram com outras amigas  e foram ao seu destino final.
 
Louise Victoria Brissow completou sua maior idade, 18 anos, na sexta-feira, 25. Foi morar com a irmã para fazer cursinho antes de entrar na tão sonhada universidade.Cursava Tecnologia em Processos Químicos na Universidade Federal de Santa Maria, se encaminhando para o 2º semestre . 
O sorriso era predominantemente em seus rostos. As  meninas adoravam festa, mas nunca deixaram seus estudos, deveres e tarefas domésticas de lado.
  “Elas não saíram uma do lado da outra até na hora da morte, companheiras sempre. Hoje uma dor  inexplicável, toma conta dos familiares e amigos, parece um sonho ruim que logo vai acabar, não tem palavras para expressar a dor das ausências das meninas.Os amigos se perguntam se isso é realmente verdade”, relata o pai Telmo que juntamente com a mãe Suzana e a irmã Isabelle agradecem a todos o imenso carinho e apoio prestado nesse momento tão difícil.
 
Luiza Alves
Ela se foi do jeito que  mais gostava, EM GRANDE ESTILO: linda, feliz e dançando.
Luiza Alves, nasceu em 16 de janeiro de 1987, morava em Santa Maria desde 2004 e cursava o 5º período do curso de Direito na Faculdade de Direito de Santa Maria - FADISMA. Trabalhava em uma imobiliária e frequentava um grupo de invernada, dança tradicionalista  gaúcha,  com os sobrinhos.
Assim que foi morar em Santa Maria dividida o apartamento com sua irmã Laura, que também cursava Direito. Era uma menina muito animada, extrovertida, vivia sempre sorrindo. Todos gostavam dela, porque era uma pessoa  que nunca demonstrava tristeza em seu rosto, uma de suas dádivas era de sempre ajudar sua família, estava em constante contato com seus pais. Sempre solícita a conselhos aos mais próximos, um ombro amigo. 
No dia da tragédia sua mãe estava com ela, passaram o dia juntas. Momentos antes de ir a casa noturna Kiss as quatro meninas que perderam suas vidas se arrumaram em seu apartamento, pois Luiza morava apenas a um quarteirão do local. No ínicio da noite de sábado, Luiza falou pela webcam com sua irmã Laura, que há um mês foi morar no Rio de Janeiro, esse foi o último contato entre elas.
“Ela será lembrada por seus familiares e amigos assim, como filha, irmã, tia, sobrinha, companheira, amiga e conselheira... O teu sorriso, carisma e alegria é o que vamos levar pra sempre em nossa memória e nosso coração. O teu sorriso estará sempre iluminando o nosso caminho, assim como as ótimas recordações que deixou”, expressam seus familiares.
 
 
JADERSON DA SILVA
 
“As nossas escolhas sempre fazem à diferença”
 
Jaderson estava indeciso entre a boate Muzeo ou Kiss. Sua opção ajudou a salvar vidas antes de morrer como herói. 
 
Jaderson da Silva, 29 anos, solteiro, residia em Santa Maria há dez anos, onde cursava Ciências e Tecnologia de Alimentos e este ano pela incompatibilidade de horário com o trabalho em uma loja de conveniência, trancou a matrícula. Sua última vinda a Itaqui, não teve boa  lembrança, marcou a despedida no enterro de sua avó, havia um mês. O contato com a irmã Aline pelo Face Book  na quinta-feira, 24, demonstrava estar feliz ao confidenciar que estava “ficando” com um menina. Nesta noite, decidiu começar a balada pela boate Muzeo e por volta das 3h30min. chegou na Kiss.
No sábado, como gostava demais das festas noturnas, ainda estava indeciso, chegou a trocar conversa pelo Face com a amiga Thaís Pivetta, as 23h3min, Anderson escreveu: “ tô aqui decidindo onde vou... Muzeo ou Kiss”. Depois do incêndio, ela posta a seguinte mensagem: “Quem diria que seria a última conversa...só queria poder voltar no tempo e te falar: vai no muzeo ou...fica em casa”. Um quinteto de amigos e conhecidos se preparavam para ir a boate, um deles o Anderson  ligou para Jaderson e respondeu que preferia não ir. Porém outro amigo, Elisandro Oliveira Rolim, 27 anos, dono de uma loja em Santa Maria,insistiu em passar na residência dele, pois queria uma companhia para não ficar sozinho na festa, os demais estavam com as namoradas.Em dez minutos ficou pronto, subiu no carro da turma e rumaram para a Kiss. Na pressa esqueceu o celular em casa. Jaderson e Elisandro deixaram os casais e circularam no interior da boate. Com o sinistro, Anderson foi um dos primeiros a sair do prédio e ficou por duas horas a espera de Jaderson que foi visto por outras pessoas salvando de seis a dez vidas pelos relatos. Porém com a inalação da fumaça, não resistiu e seu corpo foi encontrado próximo ao banheiro. 
O Jad, Tom ou Pepe são apelidos carinhosos que lhe foi dado por amigos. Jaderson gostava de contar suas histórias engraçadas que deixava seus amigos rindo por horas, e não dispensava de tomar mate no final das tardes de domingo, trabalhador, foi acadêmico da UFSM, era frequentador das festas, mas sempre com muita responsabilidade. Com seu jeito carinhoso e atencioso jamais se apagará, foi assim que ele deixou sua marca aqui na terra, foram lembrados nas redes sociais. A mãe de Jaderson, professora Cleneida, e dos demais familiares,   receberam inúmeras manifestações de solidariedade desde domingo.
 

 

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