Especialistas falam do problema das drogas e apresentam números sobre consumo do crack em seminpario estadual

06-07-2012 15:20

A preocupação com o recorrente problema do uso de drogas levou centenas de pessoas de todo o Estado a lotar o Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa, na terça-feira (26), Dia Internacional de Combate às Drogas. Foi realizado o I Seminário Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas, oportunidade em que foram apresentados dados sobre o uso, principalmente do crack, as reações que a droga causa e as ações de prevenção e tratamento de usuários, além da polêmica descriminalização.

Na abertura do evento, o secretário da Justiça e dos Direitos Humanos (SJDH), Fabiano Pereira, lembrou a criação do Sistema Estadual de Políticas Públicas Sobre Drogas, iniciativa da secretaria, em que foi criado o Departamento, o Fundo e o Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas. O fundo é composto da arrecadação dos leilões dos bens apreendidos dos traficantes e dividido para as áreas da saúde, segurança e justiça."Temos de nos unir nessa luta de combate a esse mal que abate as famílias. Hoje, 90% dos meninos da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) estão lá por causa da droga. Temos que ter a responsabilidade de dobrar esforços para construir uma cidade mais sadia", disse Fabiano.

O subprocurador geral do Ministério Público gaúcho e presidente do Instituto Crack Nem Pensar, Marcelo Dornelles, tratou da questão da descriminalização da maconha que está sendo discutida no Uruguai. "Estou surpreendido com o Uruguai, onde o próprio país diz que vai plantar a maconha. O problema disso é a contaminação. Não vão faltar vozes dizendo que essa é a saída e não é. A droga está aí e nós temos que enfrentá-la", afirmou Dornelles.

Os números do crack

O vice-diretor do Centro de Pesquisa de Álcool e Drogas e chefe da Unidade de Psiquiatria de Adição do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Felix Kessler, apresentou dados preliminares da pesquisa que está realizando em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) com 950 usuários de crack em quatro capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador). Até agora, foram analisadas as informações de 420 pesquisados. A mostra será finalizada em agosto.

De acordo com Kessler, ninguém começa a usar drogas por acaso. Ele explicou que a maioria dos usuários passou por uma série de traumas, como violência familiar, depressão, ansiedade e psicose. "A droga desequilibra o estágio mental, desorganiza, quebra as funções mentais. A inexistência de um projeto de vida, pessoas sem esperanças, buscam na droga o prazer, nem que seja por uns instantes", avalia.

O psiquiatra explicou, ainda, que o crack tem efeito muito mais rápido que a maconha e a cocaína, agindo de 8 a 10 segundos, chegando a ser 10 vezes mais rápida a atuação do que a de outras drogas. O prazer dura de 5 a 10 minutos. A droga, segundo Kessler, inibe as áreas do cérebro que controlam a razão, a memória e a consciência. "Quanto mais rápida a droga, mais dependência ela causa", alertou.

Conforme a pesquisa, após as primeiras oito semanas de tratamento, apenas 20% dos que procuram continuam se recuperando. A mesma porcentagem morre nos primeiros cinco anos de uso. As maiores causas das mortes são homicídio e Aids.

Características dos usuários de crack

- Começa a consumir em torno de 23 anos
- 80% são homens
- 47% são depressivos
- 9% tem transtorno de pânico
- 25% tem personalidade antissocial (não segue regras, roubam, ameaçam domicílios e matam aulas)

Características de quem procura tratamento

- 30 anos
- 90% homens
- 47% com Ensino Fundamental
- 50% fuma todos os dias
- 20% usa sozinho
- 45% leva menos de um mês para ficar dependente
- Fumam de 10 a 30 pedras por semana
- Gastam R$ 50,00 por dia com o vício, cerca de R$ 150 por semana e R$ 426,00 por mês
- 80% já trocou objetos pessoais e gastou tudo o que tinha
- 7,9% sofreu acidente de carro sob o efeito da droga
- 7,2% dos homens trocam sexo por droga e 50% das mulheres fazem o mesmo
- 9,3% já tentou o suicídio
- 58% percebe os graves problemas que o crack causou
- 43,9% sofreram um grande trauma (negligência, abuso emocional, físico e sexual)
- 24,4% sofreram traumas leves
- 23,2% sofreram traumas moderados

 

Fonte: Juliana Lopes - Assessoria de Imprensa da Secretaria da Justiça e dos direitos humano

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