Tainha morreu fazendo o que gostava, andar a cavalo

Dia 10 de janeiro tinha tudo para ser uma data comemorativa para a família de Luiz Adelar Nunes Trindade e Sandra Nunes Marques, que marca o aniversário do filho homem mais velho dos cinco filhos do casal. No entanto uma tragédia transforma em tristeza e lembrança constante.

Rodrigo Nunes Trindade, 1,90m de altura, o Tainha, como era conhecido pelos amigos, saiu para reculuta dos cavalos de um amigo, tarefa que fazia por prazer praticamente todos os dias e no retorno caiu com o cavalo na sanga, localizada próximo ao final da pista de carreira do Jóquei Clube de Itaqui no bairro da Várzea. O jovem morreu afogado e o corpo foi resgatado na madrugada de sábado, 12, no mesmo local.

A explicação mais lógica para o acidente na várzea alagada pela enchente, é que Tainha, desviou do caminho da estrada com aterro e bueiros para passagem da água que desemboca no rio Uruguai e o animal caiu em um buraco. E o rapaz que não sabia nadar ficou submerso, possivelmente devido a uma batida no rosto que sofreu do cavalo no momento da queda, perdeu os reflexos.

BUSCAS

O amigo Feliciano Vargas da Silva, o Chico, percebeu a gravidade da situação ao avistar o cavalo molhado, sem freio, somente com aos arreios no lombo, de volta a cocheira. Imediatamente seguiu a trilha habitual a procura de Tainha e sua intuição mais tarde foi confirmada, ele havia se afogado. As buscas começaram ainda no início da noite, com lanchas de voluntários, com remos, guinchos e redes. A equipe da Corporação de Bombeiros também trabalhou no local e Às 9 horas de sexta-feira localizou e retirou da barra da sanga o freio. A Brigada Militar também foi chamada.

Apesar do esforço físico, os amigos e voluntários venceram o cansaço e seguiram as buscas durante a noite de sábado. Enquanto uns descansavam e se alimentavam com refeição preparada a campo aberto, outros deram continuidade ao serviço. Após a uma hora da madrugada o filho da ex-professora de Tainha, finalmente localizou o corpo e acabou a agonia da família que permaneceu todo o tempo À beira da água dando suporte ao contingente de resgate. O corpo foi trasladado até Uruguaiana onde foi necropsiado com emissão do laudo preliminar que constou morte por afogamento, segundo informação da família.

SOLIDARIEDADE

A auxiliar de cozinha, Sandra, incentivada pelos colegas, retornou ao trabalho esta semana, numa espécie de fuga momentânea dos pensamentos da tragédia. "Pelo menos, com a minha atividade tento esquecer por alguns momentos, embora seja difícil pra todos nós". Ela recorda que Rodrigo, que também lhe chamava de Tainha, era tímido, dedicado aos estudos e gostava desde pequeno de cavalos. Aliás seu apego ao Chico foi em função da permissão de andar e tratar os animais. Uma das suas últimas aparições em público com a família, foi na formatura do irmão de 14 anos, dia 18 de dezembro na escola Aureliano Barbosa. Na ocasião, a foto em conjunto registrou a prole unida e feliz.

O jardineiro Luiz e Sandra agradecem a todos que de uma forma ou outra prestaram solidariedade, ajudaram nas buscas, emprestaram objetos e materias inerentes ao resgate ou prestaram apoio.