Martin LLanes Olivera e Marta Dolores Arocha Hernandez, os cubanos que farão a diferença

05-12-2013 11:35
Em apenas 15 dias de atendimento na rede pública de saúde os médicos cubanos  já estão integrados com seus pacientes. Nos próximos três anos, Itaqui contará como apoio desses profissionais e ampliará o atendimentos nos postos de saúde.
Com um só objetivo, o Dr. Martin LLanes Olivera, 40 anos, está no Brasil para ajudar os brasileiros na área da saúde,  "larguei tudo para vir ajudar a saúde do povo brasileiro".  "Aprendo a cada dia um pouco mais com as pessoas daqui,  eu entendo muito bem, mas estou me esforçando e quero o mais rápido possível estar falando um bom português ". 
 
 
Folha de Itaqui - Quando começou o desejo de vir participar do Programa Mais Médicos no Brasil?
Dr. Martin LLanes Olivera   - Aproximadamente 1 ano atrás, em Cuba, saiu a convocação desse programa brasileiro  para todos os médicos e decidimos que queriamos nos cadastrarmos. Assim que saiu a convocação me cadastrei, sempre tive vontade de conhecer  o Brasil, lá em Cuba não passam muitas coisas referentes ao Brasil, só sabemos que é muito bonito,e também sempre tive vontade de conhecer e trabalhar em outros países . Outro fator que mais pesou  na minha vinda  foi ajudar a melhorar o sistema de saúde brasileiro, ajudar as pessoas doentes e melhorar um pouco que seja a vida dos brasileiros. E, muito importante também  é melhorar o sistema de saúde de Cuba, porque em muitos casos, as doenças  que aqui existe, lá em Cuba ainda não foi encontrada , aprendendo isso nós estamos também ajudando o nosso sistema de saúde.
 
Folha - Essa é uma grande experiência no seu currículo e na sua vida pessoal?
Dr Martin - Sim, é uma experiência que levamos para o resto de nossas vidas.  Nós, médicos cubanos, somos formados  para atuar em qualquer país do mundo. Somos  considerados médicos internacionais, formados para ajudar  em qualquer causa ou circunstância. Hoje há mais de 60 países que possuem atendimentos através de médicos cubamos. É muito prazeroso poder ajudar as pessoas e realmente é uma experiência inigualável.
 
Folha - A escolha de Itaqui, como foi?
Dr. Martin- Sabemos que tem médicos que se formam e querem somente trabalhar nas cidades grandes e ficar longe do interior. Quando resolvi me cadastrar sabia que poderia atuar em qualquer lugar, mas a escolha foi feita pelo governo do Brasil.Há médicos trabalhando nas comunidades indígenas, interior dos estados, assim como nos grandes centros. Eu só vim com a disposição de trabalhar.
 
Folha - Quanto tempo de profissão?
Dr. Martin - Me graduei no ano de 2000. Iniciei meus estudos em 1994. Em Cuba a carreira médica  é de seis anos com graduação em medicina básica. Logo iniciei a especialização em medicina geral integral por três anos, ou seja me formei em 2004.  Em Cuba além de médico eu sou professor do 1º e 2º ano do curso de medicina, mas larguei tudo para vir ajudar a saúde do povo brasileiro
 
Folha- Já trabalhou em outros países?
Dr. Martin - Sim, já trabalhei, na Venezuela por quatro anos junto com minha esposa, mas dessa vez ela não me acompanhou, ficou com nossos filhos e também está fazendo mais uma especialização.
 
Folha- Pensa em renovar o cadastro por mais tempo no Programa Mais Médico?
Dr. Martin - Eu vim pra cá com esse propósito de trabalhar somente três 3 anos.  Agora, não penso em renovar, pois tenho família com dois filhos pequenos  e uma esposa  que também é médica  e atua na área de patologia.
 
Folha - É muito diferente a medicina cubana para a brasileira?
Dr. Martin - Bem diferente. Em muitas coisas a medicina cubana é diferente da brasileira. No Brasil tem medicina privada e pública, como o SUS, em Cuba não tem medicina privada é somente o  sistema social, ( público) e não pode cobrar nada dos pacientes.O governo cubano arca com todas as despesas, por exemplo, de uma cirurgia de grande porte, até uma simples consulta. Existe o que o Brasil chama de SUS, médico, enfermeira, secretaria, agente de saúde, em Cuba não, é somente médico e enfermeiro, um consultório médico muito pequeno, não se compara com os postos de saúde de Itaqui. Cuba é muito mais fácil que o Brasil para dar encaminhamento ao paciente para um médico especialista, lá há uma relação muito forte entre os consultórios médicos, hospitais e grandes institutos biotecnológicos. Em todos os lugares tem médicos de todas as especialidades, aqui, principalmente em Itaqui é um pouco complicado, não temos médicos em todas as áreas.
 
Folha - Em questão da cidade, já se habituou em Itaqui?
Dr. Marin - Digamos que sim, não conheço muitas coisas, só dei umas voltas pelo centro, conheci o porto, o parcão. O tempo que sobra é pouquíssimo, mas aos poucos quero conhecer toda a cidade. Já tenho alguns amigos.
 
Folha - Essa oportunidade que o governo brasileiro está oferecendo, como vê essa oportunidade?
Dr. Martin - Uma grande e boa alternativa. O Brasill hoje precisa de muito mais médicos , há muitas comunidade que não têm médicos, a demanda de paciente é muito grande. Itaqui é privilegiada, há médicos, mas tem lugares que não possuem sequer uma pessoa na  área da saúde. Essa oportunidade para os médicos estrangeiros virem atuar no Brasil está sendo espetacular. 
 

 
Formada em medicina geral integral,  Dra. Marta Dolores Arocha Hernandez, 57 anos, possui  30 anos de profissão. Agora tem um novo desafio, participar do Programa Mais Médicos do governo federal e se integrar a outros milhares de médicos brasileiros e estrangeiros para ajudar a saúde pública do Brasil.
"Já vi de tudo  durante esses anos de trabalho e agora quero ampliar meus conhecimentos e ajudar a saúde dos que mais precisam"
 
Jornal Folha de Itaqui - Qual foi a decisão da senhora vir ao Brasil para participar do Programa mais Médico do Governo Federal?
 Dra. Marta Dolores Arocha Hernandez - Eu queria muito conhecer o Brasil e também gostaria muito de participar desse programa. Quero aproveitar as oportunidades dadas a nós, médicos estrangeiros, de poder vir trabalhar em outros países e o Brasil foi algo que eu sempre quis conhecer.
 
Folha - O governo cubano apoiou a ideia ?
Dra. Marta - A proposta chegou a Cuba e nos avisaram através da direção de saúde, o restante cada interessado foi atrás.
 
Folha -  Como foi o caminho até chegar em Itaqui?
Dra. Marta - A seleção foi feita pelo governo brasileiro, primeiramente chegamos ao país e fomos para  Vitória no Espírito Santo, onde tivemos aulas de português por 21 dias, depois fomos para Brasília onde  nos designaram para trabalhar e aqui estou.
 
Folha -  A medicina do Brasil é muito diferente do seu país, os métodos aplicados  são distintos?
Dra. Marta - A medicina é universal , mas o interessante de poder trabalhar em outros países é conhecer enfermidades aqui que não têm em Cuba. E um dia quando retornar já sabemos como tratar. A faculdade de medicina é gratuita em Cuba, não há faculdades particulares.
 
Folha - Primeiras dificuldades ao chegar no Brasil?
Dra. Marta -  O idioma e ainda tenho dificuldade com ela. Acho que aos poucos vou aprendendo. Por isso peço que os pacientes falem com calma, devagar para que possamos compreender. Alguns acreditam que o idioma espanhol com o português seja muito parecido, mas não é, pode soar parecido, mas o significado, muitas vezes é totalmente o inverso do que se imagina.
 
Folha - Deixou familiares em Cuba?
Dra. Marta - Sim ficou meu esposo, dois filhos com  29 e 27 anos, um engenheiro e outro professor que somente vou vê-los depois de trabalhar por 11 meses e aí sim tirar 30 dias de férias.
 

 

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