Movimento de ocupação de terrenos muda cenário do bairro José da Luz

25-01-2013 10:08

Mais de 130 famílias demarcaram território para construção de moradias


 

 

A iniciativa de um desempregado a ocupar um espaço em terrenos desocupados no bairro José da Luz, para driblar o aluguel, levou a mais de 130 famílias a seguirem o mesmo exemplo, se transformando num movimento de ocupação de pelo menos seis áreas em quatro quarteirões das ruas José Antão de Farias, Dr. Escobar e Butuí, entre as ruas Felipe Nery de Aguiar, Afonso Escobar e Cel. Fernndes. Entre as propriedades invadidas estão as da família Bazanella. 
No período de dez dias, a notícia proliferou de boca em boca engrossando a lista de interessados o que levou a divisão de áreas de forma amigável, salvo alguns senões. Daí a necessidade do surgimento de líderes ao natural para administrar a situação. Uma das tarefas foi a de proceder à demarcação dos lotes na sua maioria nas dimensões de 11m X 33m o que possibilitou a contemplação de mais pessoas. A outra providência foi de armar barracas e algumas bolantes para assegurar a posse, guarnecida praticamente 24 horas para evitar que outros se instalem. 
Os ocupantes vivem um misto de euforia pela esperança de uma moradia definitiva e a angustia de um processo na Justiça de reintegração de posse. Mesmo neste compasso, não perdem tempo e agilizam a aquisição de materiais para construírem as casas. Para isso contam inclusive com a solidariedade da população e algumas doações de materiais começaram a chegar. A outra etapa é a de infra-estrutura para o local, quanto a instalação de rede de energia elétrica, água  e esgoto. Por parte da administração municipal, a secretaria competente acompanha a situação à distância, quanto as áreas de propriedade particular. Quanto aos proprietários, como foram surpreendidos com a ocupação, estão tomando conhecimento da real situação para tomada de posição. 
 
PRIMEIRA OCUPAÇÃO
22 famílias decarcaram seus lotes
 
Joice, uma das ocupantes disse que a maioria não tem condições de pagar aluguel
 
Na área compreendida entre as ruas Felipe N. de Aguiar e Afonso Escobar  com as ruas José Antão de Farias e Dr. Escobar, foram demarcados o total de 22 lotes, com tamanho de 11m X 33m. Nesta área foi erguida à primeira bolante, como o marido ficou desempregado, e sem dinheiro para o aluguel, a mulher tomou a iniciativa de construir,      depois chegaram mais famílias e se formou o loteamento como contou Joice, à equipe da Folha de Itaqui, pois ela seguiu a iniciativa da primeira e também ocupou o local.
Justificou que todas são pessoas que necessitam de um local para morar, pois pagam aluguel, e desta forma se organizaram em forma de mutirão. 
 
SEGUNDA OCUPAÇÃO
Condomício do Maricá com 36 lotes
Os ocupantes até já denominaram a área de condomínio do Maricá, na rua José Antão de Farias, entre as ruas Felipe Nery de Aguiar e Cel. Fernandes, com 36 lotes de 11m X 33m. Também terá o beco Tadeu Aimon, que fez aniversário no dia da ocupação, 11 de janeiro, e que mora há décadas em frente essa área. Ele não demarcou nenhum lote, pois tem sua propriedade na qual abrigou o grupo de mulheres que ocupam um galpão para fazer as refeições  diariamente, com escala da cozinha, enquanto as demais tocam o serviço, demarcação, vigilância e ajudam no transporte do material para erguer as moradias. Tadeu informa que já contribuiu com duas galinhas da sua criação para reforçar a alimentação.Todos são pobres e pagam aluguel. “Uma dessas mulheres tem oito filhos para sustentar e como vai pagar aluguel?”, argumenta.   

Tadeu cedeu o galpão para as mulheres prepararem as refeições
 
 
 
Muda e surda vigia o lote para garantir futura moradia
 
Rosane, três filhos, apesar da dificuldade de se comunicar com a reportagem da Folha de Itaqui, pois é surda e muda, não arreda pé do lote de 11 X 33 na Felipe Nery de Aguiar. Debaixo de uma barraca, recebe as demais companheiras para saber as novidades do movimento. Fica até a noite quando ganha a companhia do marido, também com a mesma deficiência.

De sola  sol - Rosane acampou no lote
 
 
TERCEIRA OCUPAÇÃO
28 famílias cravaram estacas
 
Nesta zona, um descampado, está localizado na rua Butuí, entre a Felipe Nery de Aguiar e Cel. fernandes, foi loteado para 28 famílias.
 
 
 
QUARTA OCUPAÇÃO
Uma jovem grávida está entre as ocupantes do loteamento
 
Debaixo de uma árvore, próximo ao galpão desta propriedade é o local onde as mulheres se concentram em reuniões e divisão de tarefas. Com uma cozinha improvisada numa barraca protegida por lona de plástico preta, garante a nutrição do pessoal. Para acomodar a todos os pretendentes, foram feitos cinco becos para permitir o acesso a todos os 23 lotes, na rua Butui e Dr. Escobar, entre a Felipe N. de Aguiar e Cel. Fernandes. O grupo ficou sensível a causa de Meri e conseguiu um trailler para ela morar provisoriamente no local. Sem trabalho e pouco dinheiro, não conseguiu pagar o aluguel, justifica ela. Os vizinhos das redondezas fornecem água. 
Vanusa tratava de cuidar da filha Caroline, grávida de sete meses, que também não tem casa. A vida nova com Isabele, nome escolhido para a filha na barriga, começa com a nova casa que espera conseguir.

Caroline quer construir a casa antes de o bebê nascer
 
 
QUINTA OCUPAÇÃO
 Uma das áreas mais cobiçadas pela sua localização, a uma quadra da Borges de Medeiros, a área na rua Afonso Escobar e Felipe Nery de Aguiar, entre as ruas Butuí e Dr. Escobar, cujo proprietário a mais de uma década quitou as dívidas dos impostos com a prefeitura, com a própria área, está dividida em 13 lotes, com tamanhos de 11m X 33m e 11m X 66m. O grupo levou uma semana entre a ocupação e a demarcação dos terrenos. Uma barraca grande mantém mais de cinco mulheres vigilantes.
 

Barraca transformada em QG para reuniões e vigia dos lotes
 
 
SEXTA OCUPAÇÃO
Na rua Butuí, com fundos para a rua Firmino Fernandes, entre a Afonso Escobar e Felipe Nery de Aguiar, o movimento destinou 13 lotes de 11 X 33.  
 

 

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